Viajar no tempo é compreender o nosso lugar
Eng. Cleber Feitosa • 11 de mar. de 2025 • 3 min de leitura
- Física
- Relatividade
- Filosofia
- Espaço-Tempo
1. A virada de 1915
Em 1915 Einstein agracia o mundo com a teoria da relatividade geral. Nela, a gravidade perde o posto de força da natureza e se torna uma propriedade talvez até mais majestosa: a curvatura geométrica do espaço-tempo.
As implicações dessa descoberta vão muito além de uma mudança no currículo do ensino de física, significam uma implosão da forma que a humanidade via o mundo. Agora o universo tem uma velocidade máxima permitida, a luz tem comportamento quântico — não só onda, mas partícula também ao mesmo tempo. Ondas probabilísticas substituem nosso entendimento agora arcaico e primitivo de binariedade.
2. Espaço-Tempo sem o vício do plano
Considere o tempo. Mas obrigatoriamente considere também o espaço. Espaço e Tempo deixaram de ser dimensões separadas e foram combinadas em um Espaço-Tempo, erroneamente associado, por analogia, a um tecido para simplificação.
Uma visão mais adequada, se fugirmos do vício em simplificar a realidade para um plano, revela um campo vetorial em uma região mais curvada, orientado conforme a massa e densidade do corpo.
3. “Onde” como identidade
Agora é impossível se dissociar de Onde. Quero que deixemos maturar essa ideia. Agora é impossível se dissociar de Onde.
Insistimos em nos identificarmos coletivamente enquanto sociedade, espécie, organização social, ou classe. Ainda que agir de forma individualista e egoísta represente grande parcela do que entra para a história.
4. Quarta revolução em territórios pré-industriais
Apesar do que sugere a lógica, nos vemos na quarta revolução tecnológica mesmo em regiões onde as práticas cotidianas são típicas de pré-revolução industrial. Por quê?
Ter Coca-cola no mercantil da sua localidade, ou ter acesso a um smartphone, não significa compor o conjunto dos países ricos. Mas isso é uma vantagem competitiva. Viver geograficamente no passado permite ter nas mãos uma máquina do tempo — uma janela constante para o futuro.
O espaço e o tempo só são grandezas separadas quando assim os fazemos para simplificar nossas leituras do mundo real. O mundo real é, portanto, o próprio buraco de minhoca que se busca nas grandes telas.
5. Viajar no espaço é viajar no tempo
Viajar para o futuro é se movimentar no espaço. Uma viagem a um grande centro, a um país de desenvolvimento acentuado, ou um foguete para Marte, equivale a uma viagem em direção a outra linha temporal — desenvolvida de forma independente, mas intrinsecamente associada ao fluxo que você observa ao abrir os olhos.
Essa sincronia se dá através da conexão física do próprio espaço, permitindo um deslocamento simultâneo.
6. Dois recortes essenciais
Ao viajar no espaço, não apenas se viaja adiante no tempo; é possível experienciar um passado recente ao conectar-se a indivíduos vivendo ciclos de desenvolvimento familiares às experiências vividas. Esse recurso usa a memória como catalisador de uma experiência semelhante durante a vigília.
E durante os sonhos, acordados ou não, nos deslocamos da ilusão do tempo, inertes no espaço, contando e recontando, criando e dispersando infinitas outras realidades vizinhas, colapsando o delírio coletivo de “antes e depois” no agora.
7. Síntese
Viajar no tempo é o merecido prêmio de compreender nosso lugar.